Macroeconomia e Valuation de startups: um estudo de caso do Nubank
Palavras-chave:
Startup. Valuation. Nubank. Taxa de Juros. InflaçãoResumo
Este trabalho versa sobre a influência do cenário macroeconômico no valuation de startups, com ênfase na análise da precificação do Nubank, a FinTech brasileira mais valiosa à época de seu IPO. O Nubank trouxe muitas inovações ao setor bancário brasileiro, dominado por pouquíssimas instituições caracterizadas pela burocracia, pela comercialização de produtos financeiros pouco rentáveis para os clientes e pela prática de taxas de juros elevadas. A FinTech emergiu no sistema bancário brasileiro como um modelo de negócio disruptivo e realizou uma abertura de capital vultuosa, porém, os eventos que se sucederam ao IPO da startup expuseram-na a um cenário macroeconômico que ensejou a sua reprecificação no mercado de ações, ocasionando uma deterioração substantiva em seu valor de mercado. O objetivo geral desta pesquisa consiste no estudo dos impactos do cenário macroeconômico deflagrado pela pandemia no valor de mercado do Nubank. O ambiente macroeconômico à luz do qual a FinTech será avaliada é caracterizado pelos fatores: política monetária, política fiscal, inflação, taxa de câmbio e taxa de juros. Nesse sentido, pretende-se avaliar se a tese de investimento da FinTech justifica o seu valor de mercado no IPO. Para subsidiar o estudo ora proposto, foi procedida uma análise comparativa entre o Nubank e bancos incumbentes (grandes bancos) - para, então, avaliar a factibilidade da tese de investimento no roxinho - e, por fim, uma reflexão sobre a hipótese de o maior banco FinTech da América Latina ter sido sobreavaliado. Os bancos públicos não foram incluídos na análise comparativa porque operam com capital incentivado e porque estão sujeitos a ingerências políticas, o que pode gerar distorções nos resultados financeiros destas empresas. Os dados que subsidiaram a análise são públicos e foram divulgados ou pelas próprias companhias ou por órgãos oficiais. A partir da interpretação dos dados foi possível identificar sinais de que um cenário econômico desfavorável à empresa estava, já à época do IPO, contidos nos indicadores macroeconômicos tanto da economia doméstica como da externa. Tivesse a crise em gestação sido considerada no processo de precificação do Nubank, a destruição de valor que se sucedeu nos meses seguintes ao IPO não teria ocorrido nesta magnitude: cerca de dois terços no semestre seguinte à oferta pública. Concluiu-se, portanto, que fatores de risco com alto potencial de impacto para operação da startup passaram ao largo - ou foram pouco considerados - do processo de precificação da companhia, ocasionando uma distorção na precificação da promissora FinTech; o cenário macroeconômico e a operação da FinTech não justificavam o seu valor de mercado, a companhia foi sobreprecificada.